Comportamento,  Filhos

Para a mãe da criança gritando na Feira do Livro da escola

Ah, como eu gostaria de ser essa mãe serena, amorosa e firme em todos os momentos! Eu já caminhei muito na direção de construir a mãe que eu quero ser, mas sinto que ainda há tanto que caminhar!
Uma coisa que fica muito clara neste texto é o quanto nós mães, reforçamos o comportamento umas das outras com os nossos exemplos! Os exemplos geram frutos nos corações que assistem, então, ser o que a gente quer ver no mundo, é sempre a maneira mais eficaz de mudar a realidade à nossa volta!

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Este artigo foi publicado originalmente por Sara Ence em Argyle in Spring. Traduzido e adaptado por Sarah Pierina.

“Para a mãe da criança gritando na feira do livro da escola,

Eu vejo você na biblioteca da escola primária na qual eu dou aulas, e seu filho de quatro anos está gritando com você. Ele está gritando desesperadamente na sua cara. É por isso que eu estou olhando para você. É por isso que todo mundo está olhando para você. Ele está tão bravo porque você não quer comprar o novo livro do Lego Star Wars de R$40 que inclui os bonecos de lego que ele “precisa, precisa preciiiiiiiiiisa” ter.

Ele está fazendo uma cena enorme. Eu o ouvi do outro lado do corredor. Ele está gritando e socando suas pernas enquanto se contorce de dor emocional no chão. Ele está chorando e chorando, dizendo aos gritos como você é má e como é rude da sua parte não dar a ele o que ele quer. Seu mundo está desmoronando. Ele acabou de dizer que você é a pior mãe do mundo.

Mais pessoas estão olhando para você agora. A senhora no caixa está congelada, sem saber como reagir. Todos estão olhando, apenas esperando e se perguntando como você irá lidar com ele. Ele está fazendo uma grande cena, e essa cena está ficando cada vez mais barulhenta e mais desconfortável de assistir.

Eu vejo uma lágrima brotando em seu olho, mas também vejo a coragem e força que você está forçando a permanecer em seu rosto. Você está calma e serena, aparentemente não está incomodada com sua birra. Você continua o que estava fazendo no caixa, e depois coloca os livros na sacola, calmamente toma sua filha pela mão, e recolhe o pequeno gritando, e caminha para fora da biblioteca. Ele continua a se contorcer e bater em você. Ele acabou de arranhar seu rosto, deixando uma grande marca em sua bochecha, mas você continua caminhando calmamente.

Conforme você anda até o seu carro (e eu não posso deixar de seguir e observar com admiração suas técnicas de parentalidade mágicas), eu o escuto gritar, “VOCÊ PROMETEU QUE EU PODIA COMPRAR UM LIVRO HOJE!” entre soluços e tentando recuperar seu fôlego sem sucesso. Você calmamente responde: “Eu lhe dei R$5 para gastar em um livro hoje. Você escolheu um livro que custa mais de R$5. Então você preferiu passar o seu tempo na feira do livro chorando e gritando em vez de procurar outro livro que custasse R$5. Sinto muito por você ter feito essa escolha, deve ser muito triste para você sair da feira do livro sem nenhum livro hoje.”

Ele, claro, não gostou dessa resposta. Na verdade, ele está gritando ainda mais alto agora. Ele está se contorcendo tanto que quase cai de seus braços. Você o coloca calmamente no chão com firmeza, mas com amor, pega seu pulso para que ele não fuja. Em seu tom mais calmo, paciente e maternal possível, você diz: “(nome), eu te amo. Eu te amo muito. Eu sei que você está triste agora, e eu fico triste por vê-lo tão triste. Vamos entrar no carro e encontrar o seu cobertor especial, que sempre faz você se sentir melhor.”

Ele responde: “mas, mas, mas… você não comprou o meu livro…” Você novamente repete o que disse anteriormente: que você está triste por ele ter escolhido perder seu tempo chorando em vez de encontrar um livro que custasse R$5.

Então, sem mais uma palavra, você lhe dá um grande abraço (ao qual ele resiste), o pega no colo (apenas para ser novamente arranhada na cara), e o coloca em sua cadeirinha no carro. Você fecha sua porta e inclina-se sobre o carro por um breve momento. Você deixa escapar um suspiro de frustração antes de entrar no carro e ir embora.

Você não cedeu hoje. Você não cedeu em momento algum, e por isso eu quero dizer obrigada.

Obrigada por ser uma mãe que estabelece limites para seu filho. Obrigada por ser uma mãe que não cede ao constrangimento social para apaziguar os desejos de seu filho pequeno que está gritando.

Obrigada por escolher não lhe dar tudo o que ele quer.

Obrigada por ter a maturidade de pegá-lo no colo enquanto ele se contorcia e gritava, e calmamente explicar-lhe as razões pelas quais você não comprou o livro do Lego para ele hoje.

Obrigada por ter a maturidade para conversar com seu filho como um adulto e permitir-lhe ver as consequências de suas ações. Obrigada por ter explicado para ele que isso não era um problema seu, que era uma confusão que ele havia criado para si mesmo baseado em uma escolha que ele fez.

Muito obrigada por ser um exemplo para todas as outras mães de que ser uma mãe (ou pai) firme que cumpre sua palavra é muito mais importante do que ceder para acalmar gritos. Obrigada por ser uma mãe que seus filhos podem confiar, porque você é consistente e firme.

Obrigada por ser uma mãe que faz seus filhos se sentirem seguros com você, porque eles sabem seus limites e expectativas. Obrigada por amar seus filhos o suficiente para não ser sua amiga, mas sim assumir o papel de mãe.

Como professora, eu vejo todos os dias uma grande variedade de pais e vejo todo o espectro de estilos parentais e abordagens. E como uma professora, eu posso ver a extrema necessidade que o mundo tem de mais mães como você.

A feira do livro foi há três meses, e eu ainda estou pensando sobre você e a maneira como você lidou com a birra de seu filho naquele dia. Você deixou uma marca em minha mente, e nas mentes de todos que assistiram você como eu fiz em fevereiro.

Obrigada por ser o tipo de mãe que cria filhos respeitosos e humildes. Sua influência é muito maior do que você jamais vai saber.

Atenciosamente,

Uma professora grata.”

Fonte: familia.com.br

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